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Aeroporto (bairro de Uruçuí). Entrevista de Lenir Alves de Carvalho concedida a Sebastião Lopes da Silva

Sebastião Lopes da Silva: Como chegou? De onde veio?

Lenir Alves de Carvalho: Por volta de 1988. Quando ao cheguei não tinha nada, só o inicio da nossa casa, muito mato, a gente iniciou a construção. Viemos do interior, município de Uruçuí, “Fazenda Nova”, por volta de 1987.

S: Quais foram as dificuldades no trajeto, na chegada e na mudança?

L: Uma das maiores dificuldades foi a falta de energia, água por que era muito longe, por essa razão a gente sofreu muito. Mudança vinda de canoa, pelo rio Parnaíba, com meu pai doente e meus irmãos que são 4, onde meu pai veio a morte.

S: Quantos e quais vieram ou já viviam por aqui?

L: A mesma família, todos hoje têm família e são casados e têm seus filhos.

S: O bairro já existia? Se não, o que já tinha?

L: Não, o bairro foi iniciado com a gente.

S: O que mudou?

L: Tudo mudou, crescimento, entre outras coisas que vieram junto com o crescimento.

S: Melhorou ou piorou? Quando melhorou ou piorou?

L: Desenvolvimento e as inseguranças e os problemas da administração. Em 2000 teve o inicio das melhoras e 2005 iniciou as inseguranças.

S: Se pudesse voltar no tempo você viria de novo?

L: Sim, por que eu sinto muita saudade de algumas coisas, claro, mas algumas coisas eu não voltava.

Alto Bonito (bairro de Uruçuí). Entrevista de Agda Pereira de Sousa concedida a Gilbertina Pereira de Sousa

Este bairro tem aproximadamente 12 a 13 anos, ou seja, não tem muita coisa pra contar. Antes era uma mata, só tinha caminho de tatu e de animais etc. Então surgiu uma ideia de invasão com as pessoas que não tinham casa pra morar, e foi ai que começaram as invasões: todas as pessoas que ali estavam. Cada um conseguiu um lugarzinho pra fazer suas moradias.

Aos poucos começaram as construções de suas casas e ruas, algumas com calçamento, outras não. Agora o bairro está bem crescido e já tem bastante casas, comércio, bares, açougue, frutaria etc.

Outra coisa que achei interessante foi uma panela em cima de três perdas:

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Ainda existem pessoas aqui nesse bairro que não tem fogão, ou seja, se viram de qualquer jeito, formando esse tipo de “trempe”, como eles chamam. É muito bom fazer comida nesse tipo de fogão, que serve para carvão e a lenha. Na casa de minha mãe tem um deste jeito.

Outra coisa interessante que tem em minha casa: dois potes onde meu pai só bebe água neles. De geladeira nem pensar! Diz que não mata a sede dele, ou seja, só água de pote mesmo.

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A bairro é muito pequeno, mas com o tempo ele vai se desenvolvendo, acho que com uma boa gestão ele vai crescendo de maneira razoável, espero.

Aqui neste bairro precisa-se de muita coisa para ficar melhor, por exemplo: saneamento básico, esgoto, calçamento, uma boa iluminação pública e uma administração adequada.

 

ENTREVISTA DE AGDA PEREIRA DE SOUSA

Gilbertina: Como chegou? De onde veio?

Agda: Viemos da zona rural. Morávamos lá em terras alheias, eu e meu velho estávamos muito velhos, ai resolvemos morar na cidade mais próxima dos nossos filhos. Falamos com o dono da terra que iriamos mudar. Certo dia arrumamos nossas coisas e fomos embora para a cidade.

G: Quais foram as dificuldades no trajeto, na chegada e com a mudança?

A: Nossa! Quando chegamos na cidade, tudo diferente! Um corre-corre das pessoas, o barulho de carro, de motos, enfim… aquela zuada. Ai falei pro meu veim: “que diferença né, veio, do campo onde nós vivia? Pois é, mas vamos acostumar com essas coisas”.

G: Quantos e quais vieram ou já viviam aqui?

A: Só eu e meu esposo ,os nossos filhos já viviam na cidade.

G: O bairro já existia? Se não, o que tinha?

A: Já existia sim. Tinha pouca casa e também um mini-mercado, açougue e dois bares.

G: O que mudou?

A: Algumas coisas. Aumentaram as casa, os comércios, os bares, os açougues, e colocaram calçamento em algumas ruas.

G: Melhorou ou piorou? E quando?

A: Melhorou um pouco em relação ao convívio e também em relaçao ao bairro. Cresceu mais, ou seja, a cada dia tá diferente. Nao tinha coleta de lixo, mas agora tem. Já tem farmácia, padaria e escola.

G: Se pudesse voltar no tempo, você viria de novo?

A: Sim, porque é uma coisa nova e também um rumo de vida diferente, apesar de estarmos bem em nossa casa. Faria tudo novamente. Aqui na cidade e bem melhor principalmente pra nós que já estamos velhos. As coisa são mais fáceis de se arrumar, claro, apesar de tudo ser na base da compra.

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